sexta-feira, 29 de julho de 2011

#LingerieDay


Ontem o foi aclamado #LingerieDay . Para quem não vive batendo ponto no twitter todo dia, e, desculpem, não há como dizer de outra forma, Lingerie Day é o dia em que a mulherada tira as roupas do dia a dia e mostra o que há por baixo delas, exibindo nas fotos do perfil um corpo coberto apenas por lingerie. O que eu, caso ainda não tenham percebido, não concordo e deixei isso claro quando retweetei um tweet da Amanda que dizia o seguinte: "Nem passa pela cabeça de vocês, homens, que alguém possa não participar do #lingerieday por que tem alguma coisa dentro da cabeça né?".
Não precisa nem dizer que nos segundos seguintes eu fui bombardeada de indiretas (infantilidade mode on) de pessoas me acusando de recalcada, mal amada, gorda, burra, encalhada... Enfim, como se tudo isso se medisse pelo tamanho e pela beleza da lingerie que eu uso. Longe de mim condenar alguém por seus atos, até porque não quero ser condenada pelo quê eu penso: não vou dizer que entendo o porquê da atitude de tirar a roupa e mostrar para todo mundo os seus atributos; não vejo aí causa social, ambiental, feminista ou qualquer outra... Ou seja: não vejo como contribuir com o mundo se eu colocar uma foto minha de calcinha e sutiã no meu twitter. Se assim é, porque então a surpresa de eu achar tudo isso absurdo, sem nexo, sem lógica?
Reparem que em momento nenhum eu disse que você será uma pior advogada, médica, dentista, jornalista, psicóloga, catadora de lixo, o diabo a quatro, se aderir ao #LingerieDay. Não questionei com base nisso a capacidade de ninguém, a ética, a moral e nem nada - apesar de ser inevitável o fato de eu não achar o movimento tira-roupa uma boa referência para a pessoa. Mas atribuir características negativas a alguém com base nisso? Jamais. O que eu simplesmente acho é que isso é falta de tempo. Inútil. E ridículo! Ninguém para pra pensar no exibicionismo que isso tudo gera? Pra quê? Pra receber replays com um "prefiro você às photoshopadas" ou "orgulho do #LingerieDay". Nossa, que futuro que isso tudo dá, hein.
O que não me faz deixar de achar que é a coisa mais sem causa e sem porquê do mundo. Ok, vamos todas ficar de calcinha e sutiã no twitter. E AÍ? Nada me tira da cabeça que o mundo está do jeito que está não porque paramos de dar importâncias às coisas... Mas sim porque nos importamos com as coisas erradas. Se fosse uma troca de fotos de perfil, sei lá, para demonstrar a reprovação da sociedade diante da corrupção, jamais teria esse bafafá todo. Eu não sou contra a momentos de distração, a rir de coisas banais, a fazer besteiras de vez em quando... Mas me deixa triste como um monte de mulheres de calcinha e sutiã na internet ainda causa mais interação entre as pessoas do que qualquer outra coisa mais útil para o mundo.
Longe de mim condenar alguém por isso ou aquilo outro; mas eu não consigo parar de achar que se as mulheres são tão bonitas, inteligentes e competentes como eu acredito que são, não deveriam desperdiçar isso por uns simples seguidores a mais em uma rede social qualquer. Simples assim.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Sobre morar sozinha

Enquanto uns lamentam a morte da Amy Winehouse (e eu não sou desse grupo) ou reclamam do retorno precoce da volta às aulas (agora sim, eu estou incluída), eu apenas tento sobreviver à minha temporada absolutamente sozinha em casa. E quando eu digo sozinha, quero dizer que o meu irmão que mora comigo resolveu passar o mês no interior que meus pais vivem e me abandonou em São Luís, sozinha, sem comida congelada na geladeira e nenhuma perspectiva de mudar esse quadro. Quem me conhece, sabe que eu muito reclamo da bagunça que ele faz na casa, das respostas grosseiras que ele me dá e da vida mansa e despreocupada que aquele pré-vestibulando leva - por isso, eu afirmo: quando eu sinto falta até dele, é porque as coisas de fato estão graves.
As visitas são constantes, mas nada muda a responsabilidade que eu tenho nas costas. Nada muda o fato de que, em momentos como esse, o único barulho no apartamento inteiro é o dos meus dedos maltratando o teclado. Nada muda o fato de que algumas vezes o único som humano é o do meu pensamento. Eu até costumo conversar sozinha, mas não aturo mais só a kinha companhia. Ah, e começo a ver vultos, também, principalmente à noite depois de assistir "A Hora do Pesadelo". Isso vai enlouquecendo as pessoas, sabe? Olha que eu sempre fui alguém muito solitária e nunca fiz questão de muitas pessoas, mas é deprimente acordar pela manhã e não ter ninguém para dar bom dia.
Quando eu tinha 14 anos, o meu sonho era morar sozinha em um apartamento pequeno para que eu pudesse passar o dia tomando sorvete e assistindo TV pelada – se vocês morassem numa cidade de extremo calor como essa, entenderiam o “pelada”. Mas nas atuais circunstâncias, meu sonho é que meu namorado saia do plantão no hospital e venha almoçar comigo. Porque as coisas começam a ficar deprimentes por aqui. Enquanto isso, eu vou ligar o Media Player no último cd do Marcelo Camelo (cujo nome é o mesmo desse blog) e continuar a reler Ensaio Sobre a Cegueira – talvez para, em face do que Saramago escreveu, começar a me sentir um pouco mais normal.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Como nunca ter férias

Fazer dois cursos ao mesmo tempo é um drama eterno, principalmente quando um deles é em universidade pública – simplesmente porque lá existe uma coisa chamada “greve”. E foi em um 2009 distante que um diabo de uma greve acabou com a minha vida, simplesmente porque de lá pra cá eu não tive mais uma coisa que eu prezava muito: minhas férias. Simples: quando a greve acabou, passei a ter aula quando normalmente todo mundo tá de folga.
Tive aulas em janeiro de 2009, julho de 2009, janeiro de 2010, julho de 2010, janeiro de 2011... Ou seja: quando tô de férias de um curso, tô em aulas do outro ou vice-versa ou os dois juntos. O resultado disso é um ataque de nervos diário que sempre acaba com um “eu não vou dá conta”.
A verdade é que sempre eu dou conta. E eu meio que acho que estou me tornando uma homicida de férias, porque nesse julho de 2011, quando as coisas na pública finalmente regularizaram e eu ia ter minhas sonhadas férias dos dois cursos ao mesmo tempo... Eu arrumo mil atividades extracurriculares pra fazer. É aprimoramento de projeto (ah, meus projetos...), produção de artigos, planejamento de semana do calouro... E o meu mês lindo de julho vai passando enquanto eu sou afoga por livros diversos e leituras sem fim.
E essa história toda era pra dizer que me dá um ódio tremendo quando vem alguém, senta do meu lado e desanda a falar como acha suas férias curtas e como gostaria que a Federal estendesse os três meses (TRÊS MESES) de folga no fim do ano que dá para os seus alunos queridos, por exemplo. Ou quando o estudante de ensino médio reclama em agosto que ainda está cheio de abuso pela escola. Não só por mim, que às vezes fico estressada por opção, mas porque chega uma fase na vida das pessoas em que a palavra “férias” simplesmente some do vocabulário e, veja bem, você tem que se acostumar a isso. Pior: você tem escolher ficar sentada numa cadeira dura, lendo um artigo chato, ao invés de passear por Ipanema e ainda fazer isso sem achar que é algo sacrifício; é obrigação.

Praia, rede e água de coco é mito, meu amigo;
a realidade é mais cheia responsabilidade do que a gente imagina (e gostaria).

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Rosas e Caio

Antes de ontem, a saudade apertou. Voltaram a me doer tantas dores que nos dias comuns permanecem congeladas, guardadas no fundo de um coração que nada mais sabe sentir além de uma vontade enorme de ter de volta aquele que seria o único capaz de compreender todos os momentos de inexatidão. Antes de ontem fez 15 anos da morte de Caio Fernando Abreu. Nenhuma lágrima, lamentação ou homenagem será suficiente para exprimir a falta que o mundo sente da única pessoa que conseguiu (se) entender (com) a dor. Eu sinto saudades, profundas. Sinto as palavras nos livros que guardo comigo e sinto a fé que um dia eu entenda o porquê da partida prematura.
Você continua a brilhar, menino Caio. Continua absurdamente doce.

'' (...) já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloquentes como "sempre" ou "nunca". Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituímos expressões fatais como 'não resistirei' por outras mais mansas, como 'sei que vai passar'''.